O
corpo do cartunista Ziraldo começou a ser velado na manhã deste
domingo (7), no Rio de Janeiro. O momento de despedida de parentes,
fãs e amigos do artista, que morreu na tarde de sábado (6), se
iniciou às 10h no Museu de Arte Moderna, no Parque do Flamengo, zona
sul do Rio de Janeiro.
O
sepultamento será no Cemitério São João Batista, no bairro
vizinho de Botafogo, às 16h30. De acordo com a família, Ziraldo
morreu por causas naturais, em casa, no bairro da Lagoa, no Rio. Ele
tinha 91 anos e estava fora da vida pública e criativa desde
setembro de 2018, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).
Um
dos grandes nomes da literatura brasileira, Ziraldo é criador do
personagem Menino
Maluquinho,
além de inúmeras outras atrações para o público infantojuvenil.
O desenhista, escritor, chargista e jornalista teve a trajetória
ligada à defesa da democracia. Ele é um dos fundadores do jornal O
Pasquim,
na década de 60, um dos principais veículos de imprensa a combater
a ditadura militar.
Repercussão
A
morte de Ziraldo causou comoção nas redes sociais. O também
desenhista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, escreveu
que a morte do cartunista é uma perda pessoal e para o país.
“Que
tristeza! Não tenho palavras. Perdi mais que um grande amigo. Perdi
um irmão. Das letras, dos traços e da vida! Mas ele estará sempre
aqui em meu coração. E nos corações de milhões de brasileiros
maluquinhos, de todas as idades, que seguirão apaixonados por sua
obra. Viva, Ziraldo!”.
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Ziraldo foi um dos
maiores expoentes da cultura, da imprensa, da literatura infantil e
do imaginário do país.
"O
Menino Maluquinho, seu personagem mais conhecido, povoou mentes e a
imaginação de crianças de todas as idades em todas as regiões. Um
livro que virou filme, peças, pautou músicas e vem sendo passado de
pais para filhos como sinônimo de inocência, curiosidade e beleza,
além de um olhar esperançoso em relação aos imensos potenciais do
mundo em que vivemos", disse o presidente.
A
ministra da Cultura, Margareth Menezes, escreveu que Ziraldo foi uma
inspiração. “Sua partida deixa um vazio imenso”, lamentou.
Obra
Ziraldo
recebeu diferentes premiações, como o "Nobel"
Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de
Bruxelas e o prêmio Merghantealler, da imprensa livre da América
Latina, ambos em 1969.
Levou
ainda o Prêmio Jabuti de Literatura, em 1980, com O
Menino Maluquinho,
e novamente em 2012, com Os
Meninos do Espaço.
O
Menino Maluquinho nasceu
nos anos 1980 e foi inspirado no filho do escritor.
Na
década de 1960, publicou a primeira revista em quadrinhos de
sucesso, a Turma
do Pererê,
que seria cancelada pouco tempo depois do golpe militar de 1964.
Voltaria ainda em edições pela
Abril
e
Editora Primor
nas décadas seguintes.
Na
TV
Brasil,
emissora da Empresa
Brasil de Comunicação (EBC),
os 26 episódios do programa Um
Menino muito Maluquinho
foram apresentados ao longo de 2006. O cartunista e escritor ainda
apresentou o ABZ
do Ziraldo
durante cinco temporadas. Foram 189 episódios onde o tema era sempre
incentivar jovens e crianças ao hábito da leitura.