O
governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou nesta
quarta-feira (1º) que a destruição das chuvas que atingem o estado
já prenunciam o "maior desastre da história" gaúcha em
termos de prejuízo material. Segundo Leite, a situação é "pior"
do que a registrada no ano passado, quando as inundações causaram
mais de 50 mortes e grandes danos materiais.
“Infelizmente,
este será o maior desastre que nosso estado já enfrentou.
Infelizmente, será maior do que o que assistimos no ano passado”,
declarou o governador durante a coletiva de imprensa concedida no
início da noite, em Porto Alegre.
Segundo
balanço da Defesa Civil estadual, os temporais já causaram dez
óbitos e deixaram ao menos 11 pessoas feridas. Ao menos 21 pessoas
estão desaparecidas. Cerca de 19,1 mil pessoas foram afetadas em
todo o estado. Destas, 3.416 tiveram que deixar suas casas e buscar
abrigo na casa de parentes, amigos ou em hospedagens. Outras 1.072
que não tinham para onde ir estão alojadas em abrigos públicos.
Até o momento, 114 prefeituras já reportaram ao governo estadual
que foram de alguma forma afetadas por alagamentos, transbordamento
de rios, deslizamentos ou outras consequências da situação.
“Estamos
vivendo um momento muito crítico no estado”, disse Leite antes de
empregar termos como “guerra” e “caos” para classificar a
situação. De acordo com o governador, deslizamentos de terras estão
ocorrendo em boa parte do estado e barragens estão sendo
monitoradas, embora, até o momento, não haja nenhuma evidência de
risco de rompimento destas estruturas.
Áreas
de risco
“Estamos
tendo muita dificuldade de atuação nos resgates. Por isso,
precisamos que a população se coloque o máximo possível em
condições de segurança. As pessoas às vezes acham que a água não
vai chegar nas suas casas, mas estamos alertando que [principalmente]
onde ela já chegou no passado, deve voltar a chegar desta vez”,
enfatizou o governador ao pedir que as pessoas deixem as áreas de
risco e estejam atentas à possibilidade de deslizamentos e de
transbordamento de rios.
Durante
a coletiva, o governador apresentou uma relação preliminar das
cidades que, até esta tarde, corriam risco de serem afetadas por
enchentes: Agudo, Alegrete, Arroio do Meio., Bom Princípio, Bom
Retiro do Sul, Cachoeira do Sul, Campo Bom, Candelária, Canudos do
Vale, Cerro Branco, Colinas, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela,
Faxinal do Soturno, Feliz, Forquetinha, General Câmara, Harmonia,
Igrejinha, Ivorá, Jaguari, Lajeado, Marques de Souza, Montenegro,
Muçum, Nova Palma, Novo Cabrais, Novo Hamburgo, Paraíso do Sul.
“Pedimos
às pessoas [que vivem em áreas de risco ou que identifiquem algum
risco] se protejam deixando suas residências e indo para locais
seguros, não expostos ao risco [de cheia] dos rios, e tomando
cuidado com encostas que, por conta do encharcamento [do solo],
tendem a sofrer deslizamentos”, alertou o governador.
Leite
relatou a conversa de hoje com o presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva, que deve visitar o estado nesta quinta-feira
(2). “Mais do que o apoio do governo federal e das Forças Armadas,
pedi a efetiva participação e a liderança daqueles que têm
treinamento para uma situação de caos e de guerra como a que
estamos enfrentando no estado. [Estes] são problemas que exigem
especial capacitação, treinamento e equipamentos para fazer os
salvamentos. Por isso, tenho apelado ao governo federal para termos
não só o apoio – que está sim sendo oferecido – mas também a
liderança e coordenação efetiva deste processo, pois eu não tenho
ascendência sobre as Forças Armadas para dar a articulação e
organização necessárias”, mencionou Leite.
Segundo
o Ministério da Defesa, desde ontem (30), 335 militares da
Aeronáutica, Exército e Marinha estão mobilizados para apoiar a
população gaúcha. Doze embarcações, cinco helicópteros e 43
viaturas, além de equipamentos para transporte de material e pessoal
estão sendo empregados. Unidades da federação, como São Paulo e
Santa Catarina, também ofereceram ajuda ao governo do Rio Grande do
Sul.
Nas
redes sociais, Lula divulgou a conversa com o governador, quando
citou a ida ao estado e que oito helicópteros das Forças
Armadas estão prontos para apoiar ações de resgate de famílias
ilhadas, porém não conseguem decolar em razão do tempo no estado.
Concurso
Unificado
Leite
antecipou que pedirá ao governo federal alguma solução para evitar
prejuízos aos gaúchos inscritos no Concurso Público Nacional
Unificado, que será realizado no próximo domingo (5).
"Vamos
recomendar ao governo federal que, de alguma forma, seja contornada
esta situação. O concurso ficou completamente inviabilizado nestes
próximos dias para a população gaúcha. Vamos solicitar que seja
encaminhada algum tipo de solução para o Concurso Nacional
Unificado, mas não tenho condições de avaliar qual, neste momento.
O que tenho é a confiança de que haverá de ser dado algum tipo de
solução para o governo federal para não punir a população gaúcha
que vai ter restrições neste momento".
O
ministério, organizado do certame, informou nesta quarta-feira
(1º) que está monitorando a situação no Rio Grande do Sul para a
aplicação das provas e "qualquer alteração logística
necessária nas cidades atingidas por chuvas será anunciada".