Um
bloqueio atmosférico causado por uma frente estacionária vai
continuar provocando instabilidade no tempo do Rio Grande do Sul com
volumes de 30 a 50 milímetros (mm) de chuva, pelo menos até
quarta-feira (15), quando está prevista a entrada de uma massa
polar. A informação é do meteorologista do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet) Glauco Freitas.
Segundo
Freitas, esses volumes em situações anteriores não provocariam
esse descontrole, mas agora, com a quantidade de chuva dos últimos
dias, qualquer incidência acima de 10 mm traz preocupação e,
quando atinge 30 mm, causa transtornos à população.
“Esse
sistema deve permanecer, pelo menos, até quarta-feira, provocando
chuva. Na quarta-feira teremos a entrada de uma massa de ar polar,
abrindo o tempo em grande parte do estado”, disse em entrevista à
Agência
Brasil.
O
meteorologista adiantou que o avanço intenso da massa polar vai
provocar queda nas temperaturas, que deve ficar em torno de 0°C em
algumas regiões. Na Campanha, a mínima pode ficar perto de 2°C a
3°C e, em Porto Alegre, perto de 10°C. "[Há previsão de]
bastante frio nesta região no decorrer da próxima semana”,
afirmou, acrescentando que o estado de Santa Catarina também será
atingido.
Freitas
disse que existe uma expectativa de que a chegada do frio possa
reduzir a quantidade de chuva, mas os modelos meteorológicos ainda
não apontam essa situação. “A princípio ainda não vai
conseguir quebrar o bloqueio [atmosférico que provoca as chuvas]. Há
uma expectativa, mas até agora as análises e modelos não
mostraram isso.”
Cemaden
vê riscos
O
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
(Cemaden) alertou neste sábado que considera muito alta a
possibilidade de novas ocorrências hidrológicas, como alagamentos,
em várias regiões do Rio Grande do Sul, devido à previsão de
chuva com possibilidade de altos acumulados para domingo,
principalmente na porção centro-norte do estado.
O
risco aumenta por estar somado à permanência das inundações, aos
níveis fluviométricos (dos rios) elevados em vários municípios e
ao deslocamento das ondas de cheia, decorrentes dos acumulados de
chuva dos últimos dias e das condições de saturação do solo.
O
alerta vale para as mesorregiões Noroeste, Centro-Ocidental,
Nordeste, Sudeste e Sudoeste Rio-Grandense e Metropolitana de Porto
Alegre.
Além
disso, o Cemaden considera alta a probabilidade de ocorrência de
deslizamentos nas mesorregiões Nordeste e Centro-Oridental do Rio
Grande do Sul e na Região Metropolitana de Porto Alegre,
principalmente na Serra Gaúcha, também devido à grande quantidade
de chuva na última semana e à previsão de mais temporais no
decorrer do dia.
Neste
cenário, há possibilidade de deslizamentos de terra esparsos,
especialmente “quedas de barreira” à margem de estradas e
rodovias e reativação dos deslizamentos já registrados.
Domingo
e segunda
A
meteorologista da Sala de Situação do Estado do Rio Grande do Sul,
Cátia Valente, informou por meio de vídeo que as chuvas vão voltar
a ser fortes, principalmente, neste domingo (12) e na segunda-feira
(13). Hoje, segundo ela, houve registro de chuvas em todas as regiões
do estado.
“Os
volumes não são tão elevados, mas a nossa preocupação é que as
chuvas vão voltar a ficar muito intensas ao longo de todo o domingo.
Os volumes podem ser bastante expressivos desde o noroeste gaúcho,
passando pelo centro, região dos vales, região metropolitana, serra
e litoral norte”, alertou.
Cátia
Valente chamou atenção também para a condição de ventos
fortes, especialmente, na parte leste do estado. “Muita atenção
aos avisos e aos alertas da Defesa Civil do estado, porque novamente
podemos ter respostas hidrológicas e, principalmente, podemos ter
movimentos de massa, especialmente nas áreas mais elevadas”,
destacou a meteorologista.