Os
bancos com mais de 10% da carteira de crédito emprestada a
municípios em calamidade pública no Rio Grande do Sul receberão R$
8,3 bilhões para manterem a liquidez e não terem a concessão de
crédito prejudicada, decidiu nesta segunda-feira (13) o Conselho
Monetário Nacional (CMN). Com previsão de chegada em 27 de maio, a
injeção de recursos virá da liberação, por um ano, do
compulsório da caderneta de poupança.
Um
dos instrumentos de política monetária, os compulsórios são
recursos que os bancos são obrigados a deixar parados no Banco
Central (BC). O BC exige o recolhimento, em espécie, de 20% do
dinheiro que os clientes aplicam na caderneta. No caso do compulsório
da poupança, o dinheiro é remunerado pelo BC, que paga Taxa
Referencial (TR) mais 3% ao ano ao banco.
Em
reunião extraordinária realizada nesta segunda-feira (13), o
Conselho Monetário Nacional e o Banco Central aprovaram outras
medidas para amenizar os efeitos econômicos dos eventos climáticos
no Rio Grande do Sul sobre o Sistema Financeiro Nacional.
Além
da suspensão do compulsório da poupança aos bancos mais expostos a
operações de crédito com o Rio Grande do Sul, o CMN permitiu que
as instituições financeiras não registrem como “ativos
problemáticos” as renegociações de operações de crédito
afetadas pelas enchentes. A classificação de risco das operações
de crédito renegociadas entre 1º de maio e 31 de dezembro será
mantida no nível registrado em 31 de março.
Segundo
o BC, a mudança na forma de registro é necessária para evitar que
instituições financeiras que tivessem de renegociar as dívidas de
pessoas físicas e empresas afetadas pelas inundações aumentassem o
provisionamento (recursos mantidos em uma reserva na conta de cada
banco) e a exigência de capital mínimo para emprestar. Sem a
medida, informou a autoridade monetária, a oferta de crédito seria
desestimulada, comprometendo a capacidade de emprestar dinheiro às
pessoas e empresas afetadas pelas enchentes.
Proagro
Em
relação aos empréstimos para o Programa de Garantia da Atividade
Agropecuária (Proagro), o CMN autorizou que as vistorias técnicas
para o pagamento de indenizações aos produtores rurais possam ser
feitas de forma remota. As vistorias usarão sensoriamento remoto e
parâmetros da produtividade agropecuária dos municípios. Segundo o
BC, a mudança acelerará o desembolso aos produtores rurais afetados
pelo desastre climático.
Em
nota, o BC informou que monitorará continuamente o funcionamento da
intermediação financeira no Rio Grande do Sul, podendo tomar
medidas adicionais para manter o funcionamento eficiente e a solidez
do sistema financeiro.