O
Senado Federal adiou nesta terça-feira (4) a votação do projeto
que cria o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que
promove tecnologias para produção de veículos que emitem menos
gases de efeito estufa. A medida, já aprovada pela Câmara dos
Deputados na semana passada, trazia uma emenda que prevê uma taxação
de 20% nas compras internacionais de até US$ 50, que abrange grandes
empresas varejistas internacionais que vendem pela internet, como
Shopee, AliExpress e Shein.
O
relator do projeto no Senado, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), havia
anunciado, mais cedo, ter excluído essa taxação do relatório,
argumentando tratar-se de tema "estranho" ao conteúdo
principal do projeto de lei. Essa decisão contrariou o acordo
costurado entre parlamentares da base do governo e da oposição que
resultou na aprovação do projeto pelos deputados.
"O
relatório foi lido agora, praticamente em cima da hora, o relator
acaba de retirar mais uma emenda. É difícil pegar um tema desse,
que foi construído para atrair investimentos para cá. Eu tenho já
o compromisso do presidente de veto de uma série de dispositivos que
são parte da retirada que o senador Rodrigo Cunha fez. Então, eu
acho mais pertinente, até para que haja tempo", afirmou o líder
do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ao pedir o adiamento.
Ele foi seguido por outros colegas em plenário.
"O
relatório foi publicado quando o senador estava subindo à tribuna,
portanto, nós não tivemos condições de conhecer o relatório. Não
tínhamos condições de conhecer todas as emendas apresentadas.
Portanto, a discussão, hoje, seria, na minha opinião, um tanto
quanto enviesada", reforçou o líder do MDB, senador Eduardo
Braga (MDB-AM).
Na
mesma linha, o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição
no Senado, pediu mais tempo de análise para que se possa construir
um consenso em torno da matéria. "Todos nós vamos nos debruçar
sobre o texto que o relator nos deu conhecimento agora. Eu,
particularmente, gostaria de conversar com o relator, depois, para
verificar se é possível algum tipo de convergência com o próprio
governo, para termos um texto mais redondo", afirmou.
Ao
acatar prontamente o pedido, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), afirmou que o texto será incluído na pauta do plenário
desta quarta-feira (5), retomando a partir da discussão da proposta
do relator.
Entenda
a taxação
Pela
legislação atual, produtos importados abaixo de US$ 50 (cerca de R$
255) são isentos de imposto de importação. O relator do projeto na
Câmara, deputado Átila Lira (PP-PI), incluiu a taxação de 20% de
imposto sobre essas compras internacionais.
Compras
dentro desse limite são muito comuns em sites de varejistas
estrangeiros, notadamente do Sudeste Asiático, como Shopee,
AliExpress e Shein. Os varejistas brasileiros pedem a taxação
dessas compras, afirmando que, sem o tributo, a concorrência fica
desleal.
De
US$ 50 até US$ 3 mil, o projeto que veio da Câmara previa que o
imposto de importação seria de 60%, com desconto de US$ 20 do
tributo a pagar.
Projeto
Mover
A
taxação dessas importações foi incluída no projeto de lei do
Mover, que prevê incentivos de R$ 19,3 bilhões em cinco anos e
redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para
estimular a fabricação de carros e outros veículos menos
poluentes.