O
Ministério Público Federal (MPF) recebeu ao longo desta semana 20
representações sobre o incêndio no Parque Nacional do Itatiaia
(PNI), que começou na sexta-feira (14), por volta das 14h, na região
da Parte Alta, e ainda exige combate em algumas áreas dos 300
hectares atingidos pelas chamas.
A
quantidade de representações recebidas resultou na autuação da
Notícia de Fato 1.30.008.000051/2024-52, distribuída para a
procuradora da República Izabella Brant. Na notícia de fato, o MPF
colhe os elementos iniciais nos quais se baseará para instaurar
investigações tanto na esfera cível quanto criminal que fazem
parte da sua atribuição.
“Desde
então, o MPF vem acompanhando a questão junto às instituições
envolvidas obtendo a informação de que apurações administrativas
também estão sendo realizadas no âmbito do ICMBio [Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade] e da Aman [Academia
Militar das Agulhas Negras]”, informou o MPF à
Agência Brasil.
De
acordo com o Ministério Público, o prazo de tramitação da notícia
de fato é de 30 dias e pode levar à instauração de inquérito
civil e a um procedimento de apuração criminal.
Conforme
a administração do PNI, o último foco ativo do incêndio está
controlado e cercado, mas ainda não foi extinto. “No momento,
temos 21 combatentes do ICMBio e do Corpo de Bombeiros Militar do
Estado do Rio de Janeiro, que permanecerão trabalhando por terra até
a completa extinção do incêndio.”
Aman
A
Academia Militar das Agulhas Negras está envolvida porque o
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx|) admitiu,
na terça-feira (18), que o incêndio no Parque Nacional do Itatiaia
começou durante uma atividade que envolvia 415 cadetes da Aman,
localizada em Resende. Os participavam da conclusão do Estágio
Básico do Combatente de Montanha, atividade de instrução prevista
para a formação de oficial do Exército Brasileiro.
Apesar
disso, a nota do DECEx informava que não se sabia o que ocasionou a
queimada. “As causas do incêndio serão apuradas pelas autoridades
competentes, e a Academia Militar das Agulhas Negras encontra-se à
disposição para contribuir com a elucidação dos fatos, bem como
estará comprometida com o esforço conjunto para a recuperação e a
preservação do meio ambiente no parque”, acrescentou a assessoria
de Relações Institucionais e Comunicação Social do DECEx.
O
porta-voz do Corpo de Bombeiros, major Fábio Contreiras, informou
que, no oitavo dia de operações na Parte Alta do parque, o incêndio
permanece controlado, com apenas um foco remanescente na
localidade chamada Serrilha dos Cristais. "A estratégia atual
do Corpo de Bombeiros é o lançamento de especialistas em salvamento
em montanha e combate a incêndio florestal nas localidades que são
muito íngremes, onde a vegetação é à base de turfa e a queima
acontece tanto na superfície quanto no subsolo.”
Os
bombeiros continuam usando helicópteros para monitorar o local e
lançar água quando é necessário. Desde o início do combate ao
fogo no PNI, o Corpo de Bombeiros já empregou mais de 100 militares
de cerca de 15 unidades na operação. “Justamente para entregar o
Parque Nacional de volta para a sociedade fluminense”, concluiu o
major Contreiras.
Visitação
A
gestão do PNI informou que as visitas à Parte Alta do parque
permanecerão suspensas até domingo (23), quando será feita nova
avaliação dos trabalhos para decidir se o local pode voltar a ser
aberto ao público.
Antes deste incêndio, que começou há
uma semana, outras queimadas já tinham o atingido o parque. O maior
da história, ocorrido em 1963, durou 35 dias, e o fogo consumiu 4
mil hectares. Em 1988 o fogo destruiu 3.100 hectares e um servidor
ficou desaparecido.
Em
2001, um incêndio provocado por dois turistas que se perderam e
fizeram uma fogueira acabou com mais de mil hectares. A mesma área
foi atingida pelo fogo em 2007 e três anos depois foram consumidos
1.200 hectares.
O Parque Nacional do Itatiaia, que é o
primeiro do Brasil, completou 87 anos justamente no dia 14 deste mês,
quando começou o incêndio.
O PNI protege parte
importante da Mata Atlântica na Serra da Mantiqueira, espalhando-se
pelo sul fluminense e sul de Minas. O PNI recebe cerca de 150 mil
visitantes por ano.