A
verba para o Auxílio Gás em 2025 cairá 84%, de R$ 3,5 bilhões
para R$ 600 milhões, com as mudanças propostas pelo governo no
programa. A redução ocorre mesmo com o aumento de 5,5 milhões para
6 milhões na previsão de famílias atendidas. Os números constam
do projeto de lei do Orçamento de 2025, enviado ao Congresso na
sexta-feira (30) e detalhado nesta segunda-feira (2).
Anunciado
pelo Ministério de Minas e Energia no último dia 26, o projeto que
reformula o Auxílio Gás precisa ser aprovado pelo Congresso. A
proposta prevê que, em vez de os beneficiários receberem o auxílio
a cada dois meses, junto do Bolsa Família, o governo concederá
descontos às revendedoras de gás, que serão compensadas pela Caixa
Econômica Federal.
Pela
proposta do governo, o Tesouro Nacional deixará de receber receitas
da exploração do petróleo na camada pré-sal que cabem à União.
O dinheiro seria transferido diretamente à Caixa, que se tornaria a
operadora do Auxílio Gás. Especialistas criticam a regra porque os
subsídios do programa estariam fora do Orçamento Federal e do
limite de gastos imposto pelo novo arcabouço fiscal, o que abre
espaço para questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU).
Ao
explicar a proposta de Orçamento para 2025, o secretário executivo
do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que as mudanças no
Auxílio Gás não comprometerão a revisão de cerca de R$ 26
bilhões em despesas obrigatórias. “A avaliação da equipe
econômica não é sobre o mérito da proposta. É sobre a
compatibilidade com o arcabouço fiscal e o Orçamento, e não vai de
nenhuma forma comer essa economia”, afirmou.
Segundo
o secretário executivo da Fazenda, entes públicos poderão pagar à
Caixa Econômica valores devidos à União, como recursos que
deveriam ser destinados ao Fundo Social do Pré-Sal, criado para
financiar projetos de desenvolvimento e de combate à pobreza. “O
projeto tem a possibilidade de entidades públicas poderem pagar
direto dentro do programa, que pode ser operado pela Caixa, com
dedução do que essas entidades pagariam à União. Do ponto de
vista fiscal, tem equilíbrio de despesas e receitas”, rebateu
Durigan.
O
secretário executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento,
Gustavo Guimarães, disse que o impacto do programa sobre as contas
do governo será compensado dentro dos limites de gastos e da meta de
déficit primário do arcabouço fiscal. Isso porque o governo terá
de compensar a queda de arrecadação do Tesouro, que abrirá mão de
receitas para repassá-las à Caixa.
“Se
for pela via orçamentária, vamos ter que enquadrar ou reduzir
[despesas] discricionárias [não obrigatórias] ou fazer mais
revisões em outras políticas obrigatórias. Se for por subsídio,
temos que lembrar que o regime fiscal sustentável tem uma conexão
direta entre receitas e despesas. Se está abrindo mão de receitas,
indiretamente vamos reduzir o espaço futuro de despesas. Vai ter que
ter ajustes naturais que vão acontecer dentro do conjunto de regras
fiscais que temos hoje”, esclareceu.