Em outubro, a dívida bruta do Brasil ultrapassou R$ 9 trilhões,
atingindo o maior valor da história. Segundo dados divulgados pelo Banco
Central nesta sexta-feira (29), o total chegou a R$ 9,032 trilhões, uma
alta de 1,16% em relação a setembro e de 14,13% em comparação com
outubro de 2023. O crescimento fez a relação entre a dívida e o Produto
Interno Bruto (PIB) subir para 78,6%, o maior patamar desde outubro de
2021.
Os juros elevados, reflexo da manutenção da Selic em níveis altos,
são apontados como um dos principais fatores que encarecem o
financiamento da dívida pública. Em outubro, os gastos com juros somaram
R$ 111,6 bilhões, um aumento de 80,3% na comparação com o mesmo período
de 2023. No acumulado de 12 meses, os custos com juros alcançaram
impressionantes R$ 869,3 bilhões, correspondendo a 9,52% do PIB.
Além disso, o superávit primário do setor público consolidado ficou
abaixo das projeções do mercado, registrando R$ 36,8 bilhões, enquanto
economistas esperavam R$ 40 bilhões. O desempenho foi impactado pelo
déficit de estados e municípios (-R$ 1,9 bilhão) e de estatais (-R$ 360
milhões), mesmo com o governo central apresentando superávit de R$ 39,1
bilhões.
A trajetória da dívida revela uma escalada preocupante nos últimos
governos. Desde 2006, quando a série histórica começou, o estoque subiu
de R$ 674,9 bilhões (governo Lula 2007-2010) para mais de R$ 9 trilhões
atualmente.
Especialistas alertam que, além do impacto nos custos de financiamento, a
dívida crescente pode dificultar investimentos e aumentar a
vulnerabilidade fiscal do país, reforçando a necessidade de um
planejamento robusto e medidas mais eficazes para conter os gastos
públicos.