O futebol brasileiro é marcado por uma intensa paixão e uma impaciência notória com resultados. Essa combinação tem transformado o país em um verdadeiro "triturador de técnicos". Vamos analisar alguns números de 2022 a 2024 que ilustram essa realidade e como o imediatismo atrapalha o trabalho dos técnicos.
Alta Rotatividade de Técnicos
Entre 2022 e 2024, a rotatividade de técnicos no Campeonato Brasileiro foi alarmante:
2022: 20 técnicos foram demitidos durante a temporada.
2023: Esse número subiu para 23 técnicos demitidos.
2024: Até junho, já haviam sido demitidos 9 técnicos.
Exemplos de Clubes
Cruzeiro: Desde a implementação da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) em 2022, o Cruzeiro demitiu quatro técnicos em menos de dois anos. A média é de um técnico a cada quatro meses.
Vasco da Gama: Em 2024, o Vasco já demitiu dois técnicos em apenas 11 rodadas do Campeonato Brasileiro.
Impacto do Imediatismo
A pressão por resultados imediatos impede a construção de projetos a longo prazo. Técnicos não têm tempo suficiente para implementar suas filosofias de jogo e desenvolver o elenco.
Por exemplo:
Fernando Diniz: Demitido do Fluminense em 2024 após uma sequência de maus resultados, mesmo tendo um histórico de bom desempenho em temporadas anteriores.
Cuca: Deixou o Athletico-PR em 2024 após críticas e pressão da torcida e diretoria.
Técnicos Estrangeiros
A aposta em técnicos estrangeiros também tem sido uma tendência, mas nem sempre com sucesso duradouro. Desde 2019, após o sucesso de Jorge Jesus no Flamengo, houve um aumento significativo na contratação de técnicos de fora do país. No entanto, muitos desses profissionais também não conseguiram se manter por longos períodos.
Conclusão
Os números não mentem: o Brasil é, de fato, um triturador de técnicos de futebol. A alta rotatividade no comando das equipes reflete a cultura de imediatismo e a pressão por resultados rápidos, que muitas vezes impede a construção de projetos a longo prazo.