O
ano de 2024 deverá registrar ligeira queda no desemprego mundial,
informa relatório divulgado nesta quarta-feira (29) pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT), entidade vinculada à Organização
das Nações Unidas (ONU). O documento, no entanto, menciona
preocupações com o ritmo lento do progresso e a persistência de
desigualdades de gênero nos mercados de trabalho.
Pelo
cenário atual, dificilmente serão atingidos os compromissos da
Agenda 2030, assumidos pelos 193 estados-membros da ONU na Cúpula
das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável ocorrida em
2015.
Intitulado
Emprego Mundial e Perspectivas Sociais: Atualizações de Maio de
2024, o relatório prevê que a taxa de desemprego global este ano
chegará a 4,9%, abaixo dos 5% registrados em 2023. A tendência de
queda, no entanto, não deve se manter em 2025. A projeção indica
estabilidade para o próximo ano, com o desemprego permanecendo em
4,9%.
"O
progresso decepcionante desde 2015 coloca muito provavelmente a meta
de pobreza para 2030 fora do alcance. O progresso na informalidade
também foi decepcionante. A percentagem de emprego informal era de
61,4% em 2005 e em 2015 tinha diminuído para 58,4%. Desde então, o
ritmo do progresso tem sido consideravelmente mais lento: em 2024, a
percentagem estimada é de 57,8%. Isto representa uma clara
desaceleração no ritmo do progresso", registra o documento.
A
Agenda 2030 fixou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O oitavo deles envolve a garantia de "emprego pleno e produtivo
e trabalho decente para todas e todos". Em números absolutos, o
total de trabalhadores em emprego informal cresceu de 1,7 bilhões em
2005 para 2,03 bilhões em 2024. "As tendências globais sugerem
um abrandamento nos progressos no sentido da redução da pobreza e
da informalidade desde 2015", reitera a OIT.
De
acordo com o relatório, 183 milhões de pessoas são consideradas
desempregadas. São aquelas que estão procurando trabalho e
disponíveis para iniciá-lo em uma ou duas semanas. No entanto, se
se considerarem todas as pessoas com pelo menos 15 anos que gostariam
de ter um emprego - mesmo aquelas que não estão se movimentando em
busca de uma ocupação ou que não tem disponibilidade para começar
em curto prazo - o número salta para 402 milhões. É o que a OIT
classifica como “disparidade de emprego”.
As
mulheres são desproporcionalmente afetadas pela falta de
oportunidades. Embora esse cenário se verifique em todo o mundo, o
relatório aponta que a situação é mais alarmante em países de
baixos rendimentos. Nestes, a disparidade de emprego para as mulheres
atinge 22,8%. Para os homens, o índice é de 15,3%. A desigualdade é
menor nos países de rendimento elevado: a disparidade de emprego é
de 9,7% para mulheres e de 7,3% para homens.
O
relatório indica que esse cenário está em boa parte relacionado
com as responsabilidades familiares. Isso porque os dados revelam que
a proporção de mulheres completamente afastadas do mercado de
trabalho é bem superior à de homens. Em todo o mundo, 45,6% das
mulheres em idade ativa estão empregadas. Entre os homens, a taxa
sobe para 69,2%.