Na noite desta terça-feira (27), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prosseguiu com o julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) que pode resultar na inelegibilidade de Jair Bolsonaro, ex-presidente, por um período de oito anos. A ação, proposta pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), argumenta abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Benedito Gonçalves, relator da ação e corregedor-geral da Justiça Eleitoral, votou parcialmente a favor da denúncia, apontando Bolsonaro como diretamente responsável pelos atos ilícitos evidenciados. Contudo, a sessão foi interrompida após o ministro Raúl Araújo solicitar adiamento.

Gonçalves dedicou 382 páginas ao seu voto, e um resumo foi preparado para agilizar a sessão. Ele ressaltou que Bolsonaro “disparou alertas em relação ao risco de a democracia ruir”, e a divulgação de notícias falsas colocou em cheque a credibilidade da Justiça Eleitoral. O corregedor-geral também afirmou que Bolsonaro se percebia como um militar ativo, ao mesmo tempo em que demonstrava um “preocupante descaso” com a democracia.

Gonçalves ressaltou que Bolsonaro é “integral e pessoalmente responsável pela concepção intelectual” da reunião com embaixadores, realizada em julho de 2022, e que ele espalhou informações falsas para persuadir os brasileiros de “graves riscos” durante o processo eleitoral. Segundo o relator, Bolsonaro possui uma interpretação perturbadora da ideia de autoridade suprema do presidente da República.

Nas considerações finais, o relator sugeriu que Bolsonaro criou “inimigos imaginários”, atacando membros do TSE e o sistema eletrônico de votação. Gonçalves também citou “conspiracionismo” e “vitimização”, ao disseminar dúvidas sobre o processo eleitoral e levar a população a um “estado de paranoia coletiva”. O ministro finalizou sua análise afirmando que Bolsonaro teceu “um retalho de informações falsas” que soavam legítimas.