O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, na tarde desta
terça-feira (9), no Palácio do Planalto, uma medida provisória
(MP) para permitir investimento em geração de energia sustentável
e redução de reajustes anuais nas contas de luz até 2026.
A
proposta prevê R$ 165 bilhões em geração hidroelétrica, eólica,
solar e de biomassa. Segundo o governo, a proposta pode gerar até
400 mil empregos com os investimentos privados. Para que isso seja
viabilizado, a MP, segundo o governo, permite adequação de prazos
de projetos de geração de energia limpa e renovável ao cronograma
de implantação das linhas de transmissão leiloadas pelo governo
para escoamento para o centro de carga. Os empreendimentos de energia
renováveis poderão acrescentar até 34 gigawatts (GW) de potência
ao Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo projeções do
Ministério de Minas e Energia (MME)
A
proposta também antecipa recebimento de recursos a serem pagos no
processo de privatização da Eletrobras. Esses recursos pagariam os
custos adicionais de energia pelo efeito da pandemia e da crise
hídrica de 2021. A medida pode reduzir entre 3,5% a 5% os reajustes
anuais nas contas de luz, de acordo com o ministro de Minas e
Energia, Alexandre Silveira.
"Vamos
corrigir um erro grotesco que o setor elétrico conhece bem, do
governo anterior. Alguém, em algum momento, achou uma ótima ideia
fazer negócios com juros elevadíssimos e jogar o boleto no colo dos
brasileiros e brasileiras mais pobres e da classe média, que são os
consumidores regulados", destacou o ministro, que disse que os
recursos serão usados para quitar empréstimos cujos juros estavam
sendo repassados ao consumidor final.
"Vamos
quitar, vamos trabalhar para isso, os empréstimos criados a juros
abusivos, contraídos durante a [pandemia de] covid e durante
escassez hídrica para minimizar e impedir mais aumento de energia.
Devemos R$ 11 bilhões para diminuir a conta dos brasileiros. Essas
duas contas foram contraídas de forma irresponsável e nunca
deveriam ter sido jogadas no colo do consumidor de energia",
acrescentou.
No
evento, Lula não se manifestou. O ministro da Casa Civil, Rui Costa,
disse que o governo vai buscar medidas para não onerar os
consumidores.
"O
Brasil já tem as condições mais competitivas de produção de
energia limpa do mundo. Portanto, nós agora temos que aproveitar
todo o investimento que foi feito para caminhar no sentido da
desoneração da energia do consumidor. E ao dizer isso, nós
queremos só reforçar que o nosso desejo, a nossa expectativa é que
esses investimentos possam rapidamente contribuir para a geração de
emprego."
A
proposta de MP será publicada em edição regular do Diário Oficial
da União (DOU), nesta quarta-feira (10). O texto tem validade
imediata, mas precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional em até
120 dias.
Amapá
A
MP também adequa à média da Região Norte os reajustes da energia
do Amapá. O estado tinha previsão de reajuste neste ano de
44%.
"Essa
medida corrige a injustiça que estava sendo feita com o povo tucuru.
O estado do Amapá tinha um aumento previsto de 44% na conta de luz.
Isso era um absurdo", disse Silveira.
Em
novembro de 2020, mais de 90% da população do Amapá passaram mais
de 20 dias praticamente sem energia elétrica ou com fornecimento
limitado, num dos maiores e mais longos apagões de energia da
história do país.