O
juiz Leonardo Valente Barreiros, da 1ª Vara de Crimes Tributários,
Organização Criminosa e Lavagem de Bens de São Paulo, declarou a
inocência de Marco Willians Herbas Camacho, mais conhecido como
Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), em um caso de
lavagem de dinheiro e ocultação de bens. A esposa de Marcola,
Cynthia Giglioli da Silva Camacho, seus sogros e outras duas pessoas
também foram absolvidos no mesmo processo, iniciado em 2019.
O Ministério Público de São
Paulo havia acusado o grupo de ocultar a propriedade de uma casa de
luxo em Carapicuíba e de movimentar fundos ilícitos através do
salão de estética gerido por Cynthia. A Polícia Civil investigou
que, em dois anos e meio, aproximadamente R$ 480 mil foram lavados no
salão Divas Hair.
Entretanto, o juiz Barreiros
concluiu que não existem provas suficientes que conectem os acusados
a qualquer atividade criminosa, criticando a obtenção de um
relatório contábil do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (COAF) sem a devida autorização judicial, um erro que
caracterizou a investigação como uma “fishing expedition”.
“A conduta típica de ocultar, de
fato, não pode ser aplicada ao caso concreto, uma vez que os
acusados registraram em seus próprios nomes contratos de compra e
venda”, afirmou o magistrado em sua decisão. Ele também destacou
que não é possível responsabilizar os sogros de Marcola apenas por
sua relação familiar, nem presumir que a compra do imóvel luxuoso
foi conduzida com fundos ilícitos.
O advogado de defesa, Bruno
Ferullo, reiterou a falta de provas contra Marcola e seus associados,
criticando o Ministério Público por apresentar apenas “informações
genéricas, abstratas e superficiais”.
Marcola, que cumpre pena de mais de
240 anos por diversos crimes, incluindo tráfico de drogas e roubo a
banco, foi mais uma vez defendido por seu advogado: “A acusação
não trouxe o mínimo de elementos para estabelecer liame ou nexo
causal entre o crime antecedente e a suposta lavagem de dinheiro”,
concluiu Ferullo.