O
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes votou
para anular leis municipais que proibiam o ensino da “linguagem
neutra” em escolas de Ibirité (MG) e Águas Lindas de Goiás (GO).
A votação ocorreu de forma remota, em sessão virtual.
Moraes argumentou que os municípios
não têm competência para proibir conteúdos educacionais
permitidos pela União, que é responsável pela legislação sobre
educação. Além de suspender as leis locais, ele também derrubou
trechos que vetavam o uso da “linguagem neutra” na administração
pública dessas cidades. Em Ibirité, a proibição se aplicava a
agentes públicos, enquanto em Águas Lindas de Goiás o veto
abrangia editais de concursos públicos e ações culturais,
esportivas, sociais ou publicitárias financiadas com recursos
públicos.
A suspensão foi solicitada pela
Aliança Nacional LGBT e pela Associação Brasileira de Famílias
Homotransafetivas. As entidades argumentaram que as leis municipais
impõem censura e comprometem a liberdade de expressão, além do
direito fundamental de ensinar e aprender.
A lei de Ibirité define “linguagem
neutra” como a modificação da língua portuguesa para anular ou
indeterminar o masculino ou feminino. A norma previa sanções
administrativas, além de possíveis responsabilizações civis e
penais para agentes públicos que utilizassem a linguagem neutra.
Moraes destacou uma decisão
anterior, que suspendeu uma lei semelhante em Novo Gama (GO),
afirmando que a legislação municipal “não cumpre com o dever
estatal de promover políticas de inclusão e igualdade, contribuindo
para a manutenção da discriminação com base na orientação
sexual e identidade de gênero”.
Outros ministros do STF, incluindo
Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, já
emitiram decisões semelhantes, suspendendo leis que proibiam o uso
da linguagem neutra.
Os outros dez ministros do STF
deverão votar nas ações contra as leis de Ibirité (MG) e Águas
Lindas de Goiás (GO) até o final da próxima semana, e a tendência
é que essas leis sejam derrubadas.