O presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), disse nesta terça-feira (4) que a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) aprovada na Casa e em discussão no Senado não
trata a privatização de praias. A medida causou polêmica nos
últimos dias nas redes sociais, com manifestações até mesmo da
atriz Luana Piovani, que entrou num embate virtual com o jogador
Neymar Jr. em torno do assunto. O governo se posicionou contrário à
matéria. “A narrativa que estão dando não é verdadeira. Não
estamos a discutir privatização de praias”, disse Lira a
jornalistas. “O texto é bastante diferente dessa narrativa pequena
de dizer que se vai privatizar praias, que se vai ameaçar o meio
ambiente, que vai se ameaçar a soberania de segurança nacional”,
emendou.
O
presidente da Câmara disse que não há nenhum problema com o texto
que foi aprovado pelos deputados. O tema foi pautado no Senado sob
relatoria do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). “Hoje, cidades
inteiras são terrenos de Marinha, onde os proprietários moram.
Ninguém vai destruir Florianópolis, vai? Alguém vai mudar
Balneário Camboriú, Recife, Vitória do Espírito Santo, São Luís
do Maranhão? Então, essas cidades hoje quase 100% são terrenos de
Marinha, e os proprietários ficam pagando laudêmio, isso precisa
ser regularizado. Foi para isso que a PEC foi feita, com todo o
respaldo de 400 votos de deputados”, argumentou Lira.
Nesta
segunda-feira (3), o ministro de Relações Institucionais, Alexandre
Padilha, disse que o governo é contra a PEC da forma como está e
que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá trabalhar
contra a proposta na Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) do Senado. “O governo tem posição contrária a
essa proposta. O governo é contrário a qualquer programa de
privatização das praias públicas, que cerceiam o povo brasileiro
de poder frequentar essas praias”, afirmou Padilha, em coletiva de
imprensa nesta segunda-feira (3) no Palácio do Planalto.
O
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse, também na
segunda-feira, que o Senado terá “cautela” e “prudência” na
discussão da PEC. A PEC retira a obrigatoriedade de pagamento de
taxa à União por pessoas que ocupam essas áreas. Além disso,
esses territórios da Marinha poderiam ser transferidos a entes
privados mediante pagamento. Atualmente, o imóvel é compartilhado
entre o morador ou ocupante, que detém 83%, e a União, com 17% da
área.
Na última semana, o tema voltou ao
debate. Na quinta-feira, 30, a atriz Luana Piovani publicou vídeos
nas redes sociais pedindo que as pessoas fossem contrárias à PEC.
Neymar foi associado à polêmica porque havia anunciado uma parceria
com uma incorporadora em um projeto anunciado como “Caribe
brasileiro”, com imóveis de alto padrão em uma área de 100
quilômetros entre os litorais de Pernambuco e Alagoas.