O
governo federal considerou a possibilidade de regular a cobrança do
Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) sobre
aplicações em planos de previdência privada transmitidos por meio
de herança, atendendo a um pedido dos estados. A proposta foi
incluída em uma versão preliminar do segundo projeto de lei
complementar (PLP) que regulamenta a reforma tributária, apresentado
na terça-feira (4).
No entanto, a ideia foi retirada do
texto final após uma “avaliação política do governo”,
conforme explicou Bernard Appy, secretário especial para a Reforma
Tributária do Ministério da Fazenda. A exclusão ocorreu após a
divulgação do conteúdo por alguns veículos de imprensa, o que
gerou reações da oposição. O deputado federal Eduardo Bolsonaro
(PL-SP) foi um dos críticos, expressando sua desaprovação nas
redes sociais na segunda-feira (3). Seu pai, o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), compartilhou a crítica, acusando o atual governo de
ser uma “organização faminta por seu dinheiro”.
A
intenção original era uniformizar a cobrança do ITCMD sobre a
transferência de recursos aplicados em planos de previdência
privada. Atualmente, planos do tipo VGBL não são taxados quando
transferidos, pois são considerados uma espécie de seguro. Já a
modalidade PGBL tem regras de tributação variáveis dependendo do
estado, e está sob análise do Supremo
Tribunal Federal (STF) uma definição sobre a
incidência do tributo neste tipo de aplicação.
O governo planejava que todos os
planos de previdência privada fossem tributados quando transferidos
por herança, exceto os chamados contratos de risco, semelhantes a
seguro de vida, onde a indenização paga aos beneficiários não tem
relação com o valor aportado.
Apesar de não ter sido incluída
no PLP da reforma tributária, a proposta não está descartada e
poderá ser apresentada novamente em outro momento, segundo membros
da equipe econômica do governo.
O projeto de lei complementar
apresentado na terça-feira regulamenta a instituição e o
funcionamento do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços
(IBS), estabelece regras para a distribuição de recursos e o
gerenciamento do contencioso tributário. Além disso, prevê normas
gerais para o ITCMD, o Imposto sobre Transmissão Inter Vivos, por
Ato Oneroso, de Bens Imóveis e de Direitos a Eles Relativos (ITBI),
atualmente alvo de intensa judicialização, e define aspectos
relacionados à Contribuição para o Custeio do Serviço de
Iluminação Pública (Cosip), introduzida pela reforma tributária.