O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
determinou a abertura de um segundo inquérito contra os irmãos
Domingos e Chiquinho Brazão no âmbito das investigações sobre o
assassinato da ex-vereadora Marielle Franco. A dupla agora é
investigada também por suposta obstrução da investigação do
caso.
Além dos irmãos Brazão, os
delegados Rivaldo Barbosa e Gilson Lages, e o comissário da Polícia
Civil do Rio de Janeiro, Marco Antônio de Barros Pinto, são alvos
do novo inquérito.
O despacho de Moraes, emitido nesta
terça-feira (18), ocorre no mesmo dia em que a Primeira Turma do STF
decidiu, por unanimidade, tornar os irmãos Brazão réus pelos
crimes de homicídio e organização criminosa no caso Marielle.
Em sua manifestação, Moraes
destacou que um conjunto probatório mais robusto será levantado nas
próximas fases do processo contra os irmãos. No entanto, afirmou
que os elementos trazidos pela Polícia Federal (PF) na fase final da
investigação são suficientes para que ambos sejam considerados
réus. “Há provas suficientes de autoria e materialidade e a PGR
expôs os fatos criminosos, a qualificação dos acusados. Se esses
indícios serão confirmados durante a ação penal, para isso
teremos o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa aos
acusados. A denúncia descreveu de forma coerente e pormenorizada os
supostos crimes cometidos, os homicídios consumados e tentados, além
de organização criminosa”, disse o magistrado.
Moraes também mencionou a
colaboração do ex-policial Ronnie Lessa, considerada determinante
para a elucidação do crime, e destacou as quebras de sigilos
telemáticos e bancários envolvendo os irmãos Brazão como provas
significativas. “Há a existência de fortes indícios do crime de
organização criminosa, mas também do crime de homicídio com
motivação política arquitetado no segundo semestre de 2017”,
declarou.
Durante o julgamento, a defesa dos
irmãos Brazão questionou um possível impedimento do ministro
Flávio Dino, que atuou no Ministério da Justiça na fase final da
investigação. Moraes rejeitou essa possibilidade, argumentando que
Dino não teve gerência direta no levantamento de provas contra os
irmãos Brazão.
Os irmãos Brazão foram presos em
24 de março após uma operação conjunta da Procuradoria-Geral da
República, do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia
Federal. Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, também
foi preso.
Domingos Brazão, ex-vereador e
deputado estadual, já havia sido preso pela Lava Jato em 2017,
durante a Operação Quinto do Ouro, por fraude e corrupção no
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). A operação
foi baseada na delação premiada de Jonas Lopes, ex-presidente do
TCE, e também atingiu figuras como o ex-governador Sérgio Cabral e
o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani.