O
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), informou
nesta terça-feira (18) que irá criar uma comissão para debater o
projeto de lei que equipara o aborto, após a 22ª semana de
gestação, a homicídio. Segundo Lira, a comissão terá
representantes de todos os partidos.
Lira
anunciou ainda que a proposta será debatida no segundo semestre
depois do recesso parlamentar.
“Reafirmar
a importância do amplo debate. Isso é fundamental para exaurir
todas as discussões, para se chegar a um termo que crie, para todos,
segurança jurídica, humana, moral e científica sobre qualquer
projeto que possa a vir a ser debatido na Câmara", disse.
"Nunca fugiremos a essa responsabilidade de fazer o debate e
fazê-lo com exatidão e nunca faltar com espírito aberto e
democrático para que a sociedade participe”, afirmou, segundo a
Agência Câmara.
O
adiamento do debate ocorre após críticas ao teor do projeto - entre
elas, por equiparar o aborto a homicídio e impor uma pena maior a
mulher que faz o procedimento em comparação a de um estuprador - e
pelos deputados federais terem aprovado regime de urgência para a
proposta, o que significa votar diretamente no plenário sem passar
por discussões nas comissões da Casa.
De
acordo com o presidente da Câmara, a pauta e as decisões da
Casa não são tomadas de forma monocrática, mas dentro do
colegiado.
Em
entrevista à imprensa, acompanhado de líderes partidários e
representantes de bancadas, Lira garantiu que o texto a ser aprovado
na Câmara não terá retrocessos ou causará danos aos direitos das
mulheres.
“Quero
reafirmar que nada nesse projeto retroagirá nos direitos já
garantidos e nada irá avançar para trazer qualquer dano às
mulheres”, disse.
Pelo
projeto, o aborto, depois de 22 semanas de gravidez, será
considerado crime de homicídio em qualquer situação, mesmo em caso
de estupro. Atualmente, a legislação permite o procedimento nos
casos em que a mulher foi vítima de estupro, a gestação traz risco
para vida da mãe ou anencefalia do feto.
Entenda
o projeto de lei
O
Projeto de Lei 1904/24 equipara o aborto acima de 22 semanas de
gestação ao homicídio, aumentando de dez para 20 anos a pena
máxima para quem fizer o procedimento.
O
texto fixa em 22 semanas de gestação o prazo máximo para abortos
legais. Hoje em dia, a lei permite o aborto nos casos de estupro, de
risco de vida à mulher e de anencefalia fetal (quando não há
formação do cérebro do feto). Atualmente, não há no Código
Penal um tempo máximo de gestação para o aborto legal.
Na
legislação atual, o aborto é punido com penas que variam
de um a três anos de prisão, quando provocado pela gestante; de
um a quatro anos, quando médico ou outra
pessoa provoque um aborto com o consentimento da gestante;
e de três a dez anos, para quem provocar o aborto sem o aval da
mulher.
Se o
projeto de lei for aprovado, a pena para as mulheres vítimas de
estupro será maior do que a dos estupradores, já que a
punição para o crime de estupro é de dez anos de prisão, e
as mulheres que abortarem, conforme o projeto, podem ser
condenadas a até 20 anos de prisão.