A
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta
quarta-feira (19), por 14 a 12 votos, relatório sobre projeto de lei
que propõe a legalização de cassinos e jogos de azar, como bingo e
jogo do bicho, no Brasil. O tema agora deve ser remetido ao
plenário da Casa.
O
PL 2.234/2022 veio da Câmara dos Deputados, onde foi aprovado, e
tramita no Senado desde 2022. A proposta prevê a permissão para a
instalação de cassinos em polos turísticos ou em complexos
integrados de lazer, como hotéis de alto padrão (com pelo menos 100
quartos), restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos
culturais.
O
projeto propõe ainda a possível emissão de uma licença para um
cassino em cada estado e no Distrito Federal. Alguns estados teriam
uma exceção, como São Paulo, que poderia ter até três
cassinos, e Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará, com até
dois cada um, se o projeto for aprovado. A justificativa foi o
tamanho da população ou do território.
Durante
a sessão da CCJ, a maioria das manifestações se deu por parte dos
senadores contrários ao projeto. Um dos principais argumentos
trazidos foi o do impacto sobre o sistema de saúde, que deverá
lidar com o aumento do vício em jogos, disseram senadores de
partidos como PL e Novo.
O
senador Magno Malta (PL-ES) citou o exemplo dos Estados Unidos, onde
a legalização de cassinos criou um ambiente favorável
à prostituição, ao consumo de drogas e máfia. Ele afirmou
que o vício em jogos causam “dano moral, dano psicológico, que
destrói famílias, destrói pessoas”.
Marcos
Rogério (PL-RO) reforçou o argumento. “Temos hoje uma pandemia
[de vício em jogo]”, afirmou. “Nós já estamos diante de um
cenário que já é ruim, e a minha preocupação é agravarmos
o problema”, complementou. “A compulsão em jogos de azar
acarreta problemas diversos para a saúde, incluindo ansiedade e
depressão.”
A
favor do projeto, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) frisou a
importância econômica e cultural dos cassinos para diversos
municípios brasileiros. “Sabemos a importância que o Cassino da
Urca [que funcionou no Rio de Janeiro até a proibição da atividade
no país] teve”, citou. “Quantas cidades perderam
relevância, importância, porque esse tipo de organização da
atividade do jogo foi proibido”, acrescentou. Ele ainda
reforçou o argumento de que os jogos de azar devem ser regulados,
para o Estado poder controlar e arrecadar impostos com a
atividade.
Segundo
o relator do projeto, senador Irajá (PSD-TO), a estimativa é que os
cassinos podem gerar 700 mil empregos diretos e 600 mil
indiretos, além de incrementar o turismo. “Qual, afinal de
contas, o medo de enfrentarmos este tema?”, indagou Irajá.
A
exploração de jogos de azar no Brasil é proibida desde 1946.