O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
arquivou nesta quinta-feira (20) o inquérito criminal que
investigava a conduta das plataformas Google e Telegram em relação
à campanha sobre o PL das Fake News. A decisão atendeu a um pedido
da Procuradoria-Geral da República (PGR) e o caso foi encaminhado ao
Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, que conduz um
inquérito civil sobre o tema.
A posição da PGR diverge da
conclusão da Polícia Federal (PF). Em um relatório no final de
janeiro, a PF havia apontado que as ações das plataformas
configuravam abuso de poder econômico, manipulação de informações
e possíveis violações contra a ordem de consumo. No entanto, a PGR
considerou que as provas obtidas não eram suficientes para
justificar a abertura de um processo criminal. “A propositura de
ação penal pressupõe um suporte mínimo de justa causa,
relacionado à verossimilhança dos fatos ilícitos apontados e à
probabilidade de que haja meios eficazes de comprovação”, afirmou
o vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand
Filho. Ele acrescentou que não há diligências adicionais que
possam complementar os elementos já apresentados, os quais são
insuficientes para justificar uma ação penal.
Os elementos coletados durante as
investigações podem ser eventualmente aproveitados em outros
inquéritos nas áreas cível e administrativa, que apuram possíveis
violações de direitos fundamentais por parte de provedores
relacionadas às suas políticas de combate à desinformação e à
violência digital.
Segundo a PF, as grandes empresas
de tecnologia, especificamente Google Brasil e Telegram Brasil,
adotaram estratégias contrárias à aprovação do PL n.º
2.630/2020 (PL das Fake News), aproveitando-se de suas posições
privilegiadas para incutir nos consumidores a ideia de que o projeto
de lei seria prejudicial ao Brasil, o que poderia estar em
descompasso com os valores consagrados na Constituição de 1988.
Pierpaolo Bottini, advogado do
Google, afirmou que o arquivamento do inquérito reconhece que a
empresa apenas expressou sua opinião sobre o projeto de lei, sem
desrespeitar o legislativo. “Nunca houve intenção de obstar a
discussão democrática, apenas sugerir aprimoramentos na proposta em
debate”, disse Bottini.