(Foto: Pilar FM 87,9 )
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender o veto
parcial ao projeto de lei que extinguiu as saídas temporárias de
presos em datas comemorativas. Em entrevista à rádio Meio, de
Teresina (PI), nesta sexta-feira (21), o petista se comparou a
detentos para justificar sua decisão, relembrando o período em que
passou 580 dias preso na sede da Superintendência da Polícia
Federal em Curitiba (PR) após ser condenado na Lava Jato por
corrupção.
“A decisão da saidinha foi uma
decisão unipessoal, foi uma decisão moral minha, muito moral,
porque eu sabia que todos os deputados queriam que eu não vetasse,
deixasse passar”, afirmou Lula. Ele acrescentou: “Eu fiquei preso
580 dias. Você não tem noção do prazer quando eu recebia meus
filhos para me ver. Agora, você proibir uma família, mulher e
filhos, de receber o marido porque ele cometeu um delito? Sabe, você
não está apostando na recuperação dele”.
Lula destacou a importância das
visitas familiares para a recuperação dos presos, argumentando que
a proibição dessas visitas não ajuda na reintegração dos
detentos. “Existe uma maneira prática de garantir encontros com
familiares: jamais cometa crimes. Jamais receba propina sob forma e
reforma de imóveis, por exemplo. Fica a dica”, comentou Lula em
tom crítico.
A decisão de Lula de vetar
parcialmente o projeto de lei foi justificada como uma resposta a um
pedido público do então ministro da Justiça e Segurança Pública,
Ricardo Lewandowski. No entanto, críticos afirmam que a decisão era
de Lula e que o pedido de Lewandowski foi apenas uma formalidade.
“Entendemos que a proibição de
visita às famílias dos presos que já se encontram no regime
semiaberto atenta contra valores fundamentais da Constituição, como
o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio da
individualização da pena e a obrigação do Estado de proteger a
família”, disse Lewandowski na ocasião. Ele também destacou que
o veto preservava outras restrições estabelecidas pelo Congresso,
como a necessidade de exame criminológico para progressão de regime
e o uso de tornozeleiras eletrônicas.
O veto parcial de Lula foi
posteriormente derrubado pelo Congresso Nacional em uma sessão
realizada no dia 28 de maio. Após essa decisão, o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça determinou que a nova
lei sobre as saídas temporárias não pode retroagir para detentos
que já tinham direito ao benefício.
A defesa de Lula sobre sua decisão
quanto às saidinhas de presos gerou polêmica, especialmente por sua
comparação com os detentos e a importância que ele atribuiu às
visitas familiares para a recuperação dos presos. A questão
continua a ser debatida, destacando a complexidade de balancear os
direitos dos detentos com as demandas de segurança pública e
justiça.