O
relator do caso no Supremo Tribunal Federal ( STF), ministro
Alexandre de Moraes, expressou indignação ao saber que informações
sobre o relatório final da Polícia Federal (PF) vieram a público
antes mesmo de seu gabinete receber o documento.
A
PF esclareceu que houve um problema técnico no envio do relatório
por e-mail na última quinta-feira (4), devido ao grande tamanho do
arquivo. Como resultado, enquanto a imprensa já noticiava os
indiciamentos por peculato, lavagem de dinheiro e associação
criminosa de Jair Bolsonaro, Mauro Cid e outros envolvidos, Alexandre
de Moraes ainda não tinha em mãos a íntegra do documento que
fundamentou a investigação.
“O
gabinete do Ministro Alexandre de Moraes informa que, até o presente
momento (18h00), os autos físicos e sigilosos da PET 11645
encontram-se na Polícia Federal, não tendo sido encaminhados ao
Supremo Tribunal Federal qualquer pedido ou relatório”,
esclareceu o STF na noite de quinta-feira. A entrega formal ao
Supremo do relatório das joias sauditas só ocorreu um dia depois,
na tarde da última sexta-feira (5), após Moraes ordenar que o
documento lhe fosse encaminhado na versão impressa, em formato
físico, e devidamente registrado no protocolo da Corte, que funciona
em um prédio anexo à sede do tribunal – a 3,7 quilômetros da
sede da PF.
Segundo
o Google Maps, o trajeto da sede da PF (no centro de Brasília)
para o STF (na Praça dos Três Poderes) pode ser percorrido a pé
em 46 minutos ou de carro em apenas 9 minutos. O processo das joias é
físico e sigiloso, mas isso não impede o envio digital de
relatórios e pareceres, se for combinado com o gabinete do relator.
Com
a demora na entrega do relatório das joias sauditas, Moraes só deve
tomar qualquer decisão na próxima semana – inclusive a de
levantar o sigilo e a de autorizar o compartilhamento do documento
com a defesa dos investigados.
O
ministro já sinalizou que pretende atuar com celeridade no caso, mas
conforme informou o blog, a Procuradoria-Geral da República (PGR)
quer agir sem “açodamentos” para evitar qualquer acusação de
atuação política. Caberá à PGR decidir se apresenta uma denúncia
contra Bolsonaro – só os delitos atribuídos ao ex-presidente pela
PF possuem penas que podem chegar a 32 anos. Se uma eventual denúncia
for aceita pelo STF, uma ação penal será aberta e Bolsonaro será
colocado no banco dos réus.