O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, discutiu a ampliação do “cashback” na regulamentação
da reforma tributária como forma de compensar a ausência de
proteína animal na lista de produtos da cesta básica. O impacto das
mudanças no projeto na alíquota média de referência dos novos
impostos foi o principal tema de sua reunião com lideranças da
Câmara dos Deputados. Haddad destacou a importância de apresentar
informações detalhadas sobre o impacto na alíquota para os
congressistas. Durante o encontro, foi feita uma apresentação
detalhada de como os cálculos da alíquota média são feitos, mas a
decisão final sobre a reforma caberá ao Congresso. A visão de
Haddad sobre a proteína animal coincide com a do presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que indicou resistência à inclusão
de carnes na lista de produtos isentos. O “cashback” prevê a
devolução de impostos para a população de baixa renda. O projeto
está previsto para ser votado nesta quarta-feira (10).
Segundo
Haddad, a proposta de ampliar o cashback para os mais necessitados é
vista como uma solução que tem “efeitos distributivos
importantes”, possibilitando que o imposto pago seja devolvido a
quem não pode arcar com o valor total do produto. Essa abordagem é
parte das discussões sobre a regulamentação da reforma tributária,
que também contempla a criação do IBS (Imposto sobre Valor
Agregado) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços),
substituindo cinco impostos atuais. A inclusão das carnes na cesta
básica nacional com imposto zero é uma alteração que poderá ter
um impacto significativo na alíquota, de acordo com Haddad. O
ministro ressaltou que o impacto da inclusão das carnes é de 0,53
ponto percentual na alíquota do IVA nos cálculos do governo e de
0,57 ponto percentual pela conta do Banco Mundial. A FPA (Frente
Parlamentar do Agronegócio) defende a inclusão do produto na lista
de isentos.
O
projeto de regulamentação da reforma tributária, que deve ser
votado em regime de urgência pela Câmara, também amplia a lista de
produtos sujeitos ao “imposto do pecado”, como cigarros, bebidas
alcoólicas e açucaradas. Além disso, introduz o conceito de
“nanoempreendedor”, com receita anual de até R$ 40,5 mil, que
poderá optar pela isenção dos novos impostos sobre consumo. A
tendência é que os temas polêmicos sejam resolvidos no voto, no
plenário, assim como ocorreu na tramitação da PEC da reforma
tributária no ano passado. O deputado Claudio Cajado (PP-BA), que
integra o Grupo de Trabalho da Câmara, espera que sejam apresentados
poucos destaques ao texto. A ideia é que o primeiro texto possa ser
votado no plenário da Câmara nesta quarta-feira, após reuniões
para discutir pontos do texto ao longo do dia.