A
Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado adiou para
a próxima semana a votação do Projeto de Lei 775/2022 de autoria
do senador Rogério Carvalho (PT-SE) que garante o acesso e o uso
público das praias brasileiras. O adiamento ocorreu após o
presidente da comissão, senador Marcelo Castro (MDB-PI), conceder
vista coletiva, a pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que é
relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2022, a PEC
das Praias, que transfere a propriedade dos terrenos do litoral
brasileiro, hoje sob o domínio da União, para estados, municípios
e proprietários privados. O PL 775/2022 altera o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro (Lei 7.661, de 1988) e o Estatuto das Cidades
(Lei 10.257, de 2001) para assegurar o acesso público às praias em
todo o país, em regiões urbanizadas pelo sistema viário ou não,
exceto nas áreas de interesse de segurança nacional ou que façam
parte de unidades de conservação, geridas pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao
Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Relatoria
Na
sessão desta terça-feira, a relatora da matéria, senadora Janaína
Farias (PT-CE), defendeu que a proposta estabeleça que condomínios,
hotéis e resorts devem ter passagens que permitam o acesso livre da
população às praias. “Propusemos a alteração na Lei 6.766, de
1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, para
determinar que os projetos de loteamento prevejam os locais de acesso
às praias, ao mar, aos rios e a outros corpos de água”.
A
relatora propôs ainda que seja ampliado o conceito de praia para
incluir, além das faixas de areia, cascalhos e pedregulhos banhados
pelo mar, aquelas áreas localizadas nas margens de lagos e rios.
A
partir das considerações da CMA, Janaína Farias sugeriu a inclusão
de regras para prever a cessão de uso das áreas da União
necessárias para o acesso às praias, ao mar, aos rios e aos corpos
de água em todos os municípios que ainda não assinaram os termos
de adesão com o governo federal. “De modo a não prejudicar o
direito de fruição dos bens públicos pela população dessas
localidades”, esclareceu.
A
parlamentar leu seu parecer favorável à aprovação da matéria, na
forma de substitutivo. O texto é alternativo ao aprovado pela
Comissão de Meio Ambiente do Senado, em 25 de outubro de 2023. A
relatora apontou que a CDR ainda não recebeu emendas ao PL.
Após
a votação da nova versão apresentada por Janaína Farias prevista
para a próxima semana, o projeto será analisado pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.