O
governo Lula estabeleceu um sigilo de 100 anos sobre a declaração
de conflito de interesses do ministro de Minas e Energia, Alexandre
Silveira. O pedido de acesso ao documento foi feito pelo site UOL e
confirmada pelo jornal Folha de S.Paulo.
O documento, apresentado por
autoridades à Comissão de Ética da Presidência da República,
contém informações fiscais, bancárias, pessoais e patrimoniais,
além de dados sobre a existência de cônjuge, companheiro ou
parente com atividades que possam suscitar conflito de interesses, e
a relação das atividades privadas exercidas no ano anterior ao
cargo.
A
decisão de manter o sigilo foi tomada pela Comissão Mista de
Reavaliação de Informações (CMRI), última instância recursal no
Executivo federal para pedidos baseados na Lei de Acesso à
Informação (LAI). A CMRI seguiu o entendimento da
Controladoria-Geral da União (CGU), que considerou que as
informações dizem respeito à vida privada do ministro e, portanto,
são protegidas por sigilo de 100 anos.
“Os dados pessoais presentes no
documento são de acesso restrito visto que se referem a aspectos da
vida privada e intimidade do titular e, portanto, não publicizáveis,
independentemente de classificação das informações e pelo prazo
máximo de 100 anos, a contar da sua data de produção”, diz a
decisão.
A CMRI é
composta por titulares de dez ministérios, incluindo Casa Civil,
Justiça, Relações Exteriores, Defesa, Fazenda, Direitos Humanos,
Segurança Institucional da Presidência, Advocacia-Geral da União e
Gestão e Inovação em Serviços Públicos. Os suplentes são
servidores dessas pastas.
O sigilo de 100 anos está previsto
na LAI para informações privadas. Esse mecanismo foi utilizado
durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ocultar
informações públicas. Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula
prometeu acabar com o sigilo de 100 anos imposto por Bolsonaro. Uma
de suas primeiras medidas como presidente foi determinar a revisão
desses sigilos.
A CGU
revisou 234 sigilos de informações públicas impostos durante o
governo Bolsonaro e criou novos critérios para expandir o acesso a
dados públicos. Entre os casos revisados estavam as entradas dos
filhos de Bolsonaro no Palácio do Planalto e o processo disciplinar
que inocentou o deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) por
participar de um ato político com Bolsonaro enquanto ainda era
general da ativa.