O
presidente Lula concedeu entrevista nesta segunda-feira, 22, a
correspondentes internacionais. Questionado sobre a ‘farsa
eleitoral’ promovida por Nicolás Maduro na Venezuela, marcada para
domingo, 28, o petista disse que ficou “assustado com a declaração
do Maduro dizendo que, se ele perder as eleições, vai ter um banho
de sangue”.
“Quem perde as eleições toma um
banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você
fica; quando você perde, você vai embora”, disse Lula, conforme
reportado pela Reuters, ignorando que o conceito de ganhar ou perder
uma eleição já foi distorcido na Venezuela desde os governos de
Hugo Chávez, que corrompeu as instituições do país para se
perpetuar no poder.
“Eu já falei para o Maduro duas
vezes, e o Maduro sabe, que a única chance da Venezuela voltar à
normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo
o mundo”, completou Lula, que, por alguma razão, ainda acredita
que a farsa eleitoral marcada para domingo pode convencer alguém.
Lula ainda disse: “Se o Maduro
quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela,
a volta das pessoas que saíram da Venezuela e estabelecer um Estado
de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo
democrático”.
Os governos da Argentina, Costa
Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai publicaram na sexta-feira, 19,
uma declaração conjunta contra o avanço da perseguição do regime
de Maduro à oposição, exigindo “a cessação imediata do
assédio, perseguição e repressão contra ativistas políticos e
sociais da oposição, bem como a libertação de todos os presos
políticos“.
A manifestação ocorreu após a
líder opositora María Corina Machado — que foi barrada de se
candidatar e teve diversos integrantes de sua campanha detidos e
sequestrados — anunciar que sofreu um atentado em Barquisimeto,
estado de Lara, após dois dos veículos em que sua equipe viajava
terem sido vandalizados.
A Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH) divulgou uma nota condenando “o ataque
relatado por María Corina Machado, no qual foram cortados os cabos
dos freios de seu veículo, ocorrido em 18 de julho em Barquisimeto,
estado de Lara”.
Enquanto isso, Celso Amorim,
assessor de Lula para assuntos internacionais, relativizava as
declarações de Maduro sobre “banho de sangue” e “guerra
civil” ao falar sobre a possibilidade de perder a farsa eleitoral,
traduzindo as ameaças como “luta de classes”.