Nesta
quarta-feira (31), o autoproclamado presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, afirmou que seus rivais eleitorais têm as mãos manchadas de
sangue por contestarem sua vitória nas eleições recentes. Ele
prometeu que eles nunca alcançarão o poder e pediu que sejam
presos.
“Essas pessoas precisam estar
atrás das grades e precisa haver justiça”, declarou Maduro em uma
coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros. Ele se referiu
à líder oposicionista María Corina Machado e ao candidato Edmundo
González Urrutia, após protestos contra sua reeleição terem
causado 16 mortes. Maduro chamou González Urrutia de “covarde” e
Machado de “fascista de ultradireita criminosa”.
Maduro também afirmou que “quem
se meter” com ele vai “secar”, em alusão às sérias
consequências que enfrentarão. Entre seus oponentes, ele citou a
“ala fascista internacional”, incluindo o ex-presidente Jair
Bolsonaro e o presidente da Argentina, Javier Milei. “Quem se meter
comigo vai secar: a ala internacional fascista, Bolsonaro, Milei, (o
presidente do Equador, Daniel) Noboa, e repressor assassino (o
presidente de El Salvador, Nayib) Bukele, Vox e os narcotraficantes
assassinos da Colômbia”, disse Maduro no Palácio Miraflores, sede
do governo.
Segundo Maduro, a Venezuela “não
ficará nas mãos” do fascismo e do imperialismo. Ele afirmou ainda
que há uma conspiração para instaurar uma guerra civil, mas que
ele “não vai permitir isso”. Maduro mencionou sua intenção de
continuar trilhando o caminho do ex-presidente Hugo Chávez. “Mas
se o imperialismo norte-americano e os fascistas nos obrigam, não
vai tremer meu pulso para organizar uma nova revolução com outras
características. O povo sabe que não nascemos no ‘Dia dos
Covardes’”, acrescentou.
Os opositores e grande parte da
comunidade internacional exigem a divulgação de todas as atas de
votação, alegando que possuem mais de 80% delas, indicando a
vitória de González Urrutia por ampla margem. O Conselho Nacional
Eleitoral (CNE) declarou Maduro vencedor com pouco mais de 704.114
votos, enquanto ainda faltam mais de dois milhões de votos a serem
computados, o que poderia alterar o resultado final.
O Centro Carter, que participou
como observador das eleições, afirmou que o processo “não
atendeu” aos padrões internacionais de integridade eleitoral, não
podendo ser considerado uma eleição democrática. Na quarta-feira,
Maduro solicitou ao Tribunal Supremo de Justiça uma análise dos
resultados eleitorais, após pressão internacional e de líderes
regionais, incluindo Gustavo Petro, da Colômbia, e Luiz Inácio Lula
da Silva, do Brasil.
A pressão da comunidade
internacional para uma recontagem dos votos e o fim da repressão
continua. “Nossa paciência, e a da comunidade internacional, está
se esgotando enquanto aguardamos que as autoridades eleitorais
venezuelanas digam a verdade e publiquem todos os dados detalhados
dessas eleições para que todos possam ver os resultados”, disse
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa
Branca. O G7 também apelou às autoridades competentes para que
publiquem os resultados eleitorais detalhados com total
transparência.
A crise na Venezuela segue sem
resolução clara, com denúncias de fraude e repressão aumentando
as tensões internas e internacionais.