As denúncias de assédio sexual
contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, envolvendo a
ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e outras mulheres, já
eram de conhecimento do alto escalão do governo Lula há meses. A
informação veio à tona após apuração do portal Metrópoles,
que revelou que, além das vítimas, ministros e auxiliares próximos
ao presidente tinham ouvido relatos sobre o comportamento inadequado
do ministro.
Segundo o site, pelo menos quatro
ministros confirmaram ter tomado conhecimento dos supostos episódios
de assédio cometidos por Almeida. Os relatos incluem toques
inapropriados nas pernas de Anielle, além de beijos e comentários
de cunho sexual. O comportamento, que teria ocorrido no ano passado,
vinha sendo discutido internamente, mas só foi formalmente
denunciado ao Me Too Brasil recentemente, por outras mulheres.
A
Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável por
investigar condutas morais e sexuais no serviço público, também já
estava ciente das acusações. A situação dentro do governo é
delicada, especialmente porque envolve dois dos principais ministros
de áreas centrais da administração Lula: Direitos Humanos e
Igualdade Racial.
A denúncia foi reforçada quando a
organização Me Too Brasil, que acolhe vítimas de violência
sexual, confirmou ter sido procurada por diversas mulheres que
relataram os supostos episódios envolvendo Silvio Almeida. Apesar da
gravidade das acusações, nem Anielle Franco nem o ministro Silvio
Almeida quiseram se pronunciar sobre o caso. Anielle, em particular,
preferiu não comentar as denúncias de assédio contra ela.
As
informações de que o alto escalão do governo já discutia o
comportamento de Almeida há meses levantam questões sobre a
resposta interna do governo às acusações. O silêncio por parte
dos envolvidos e o pedido de anonimato das denunciantes criam um
ambiente de conivência.
O Me Too Brasil reafirmou que as
denúncias estão sendo tratadas com o máximo sigilo e que a
organização só compartilhará informações com o consentimento
das vítimas. O caso agora depende de novas movimentações internas
do governo e de possíveis investigações formais por parte dos
órgãos competentes, como a CGU.