O Ministério Público Eleitoral (MPE)
abriu uma investigação nesta segunda-feira (16) para apurar o
episódio que terminou com o candidato à prefeitura de São Paulo,
José Luiz Datena (PSDB), agredindo fisicamente o adversário Pablo
Marçal (PRTB) durante um debate na TV Cultura, ocorrido no domingo
(15). A agressão, que envolveu o uso de uma cadeira, gerou
repercussão imediata e levantou preocupações sobre o nível do
debate político na corrida pela maior cidade do país.
O procurador-geral de Justiça,
Paulo Sergio de Oliveira e Costa, emitiu uma nota em que criticou
duramente o comportamento dos candidatos, destacando que as cenas de
violência comprometem o processo democrático. “Medidas serão
tomadas para garantir a lisura do pleito e reprimir comportamentos
que ameaçam a democracia, um valor prezado pelos brasileiros”,
afirmou. Costa também lamentou a falta de civilidade e sensatez que
culminou na agressão física e no desperdício de uma oportunidade
de debater propostas para São Paulo.
De
acordo com a legislação brasileira, agressões físicas entre
candidatos podem ser enquadradas no artigo 326 do Código Eleitoral,
que trata de injúria e agressão. Em casos de condenação por
injúria, a punição pode ser de até seis meses de detenção ou
pagamento de multa. Se a agressão envolver violência física de
natureza aviltante, a pena pode variar de três meses a um ano de
detenção, além de multa.
O incidente ocorreu durante uma
troca de ofensas entre os dois candidatos. Marçal foi levado ao
Hospital Sírio-Libanês e recebeu alta na segunda-feira. Em
declaração, Marçal afirmou que o ato foi uma tentativa de
homicídio, enquanto o boletim de ocorrência registrado no 78.º
Distrito Policial dos Jardins classificou o caso como lesão corporal
e injúria real. Datena, por sua vez, afirmou que não se arrepende
da agressão e repetiria o ato, demonstrando que as tensões
eleitorais estão longe de se acalmar.
Em
nota, a campanha de Pablo Marçal declarou confiança na Justiça e
na imparcialidade das investigações, destacando que as imagens do
debate são claras e que não deve haver relativização de um ato de
agressão. “Foi uma agressão covarde e calculada, não só contra
Marçal, mas contra a democracia”, afirmou a equipe do candidato em
resposta à CNN.
A confusão ocorre em um momento
crítico da campanha eleitoral, com mais de 9 milhões de eleitores
se preparando para ir às urnas no próximo dia 6 de outubro. O
episódio levanta questões sobre a qualidade do debate político no
Brasil, especialmente em São Paulo, onde o eleitorado espera
discussões focadas em soluções para os desafios da maior cidade do
país.