Em relação à previdência dos militares, o ministro anunciou o aumento
da idade mínima para a reserva e mais rigor nas regras de pensões.
“Para as aposentadorias militares, nós vamos promover mais igualdade,
com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de
transferência de pensões, além de outros ajustes. São mudanças justas e
necessárias”, disse Haddad.
O ministro não confirmou se a proposta prevê a introdução de idade
mínima de 55 anos e a proibição de pagamento de pensões nos casos de
morte ficta, quando o militar é expulso das Forças Armadas, mas até
agora é considerado como morto pela legislação. Na semana passada,
Haddad tinha dito que as mudanças na previdência dos militares gerariam
economia de R$ 2 bilhões por ano.
Abono e salário mínimo
Sobre o abono salarial, que equivale a uma espécie de 14º salário
para quem ganha até dois salários mínimos por ano com carteira assinada,
Haddad disse que o valor máximo do benefício será mantido em R$ 2.640
(atualmente dois salários mínimos). O abono, no entanto, passará a ser
corrigido pela inflação daqui para a frente, em vez de subir acima da
inflação, como ocorre com o salário mínimo.
Com o reajuste seguindo apenas a inflação, o valor do abono salarial
cairá abaixo de dois salários mínimos ao longo dos anos. “Esse valor
será corrigido pela inflação nos próximos anos e se tornará permanente
quando corresponder a um salário mínimo e meio”, declarou o ministro.
O ministro indicou que a regra de reajuste do salário mínimo sofrerá
mudanças para se adaptar ao teto de crescimento de gastos do arcabouço
fiscal, que limita a expansão dos gastos públicos a 2,5% acima da
inflação. “Já devolvemos ao trabalhador e à trabalhadora o ganho real no
salário mínimo. Esse direito, esquecido pelo governo anterior, retornou
com o presidente Lula. E com as novas regras propostas, o salário
mínimo continuará subindo acima da inflação, de forma sustentável e
dentro da nova regra fiscal”, afirmou.
Atualmente, o salário mínimo é corrigido pela inflação do ano
anterior pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Com a
mudança, haverá um teto que limitará o crescimento do PIB a 2,5% acima
da inflação.
Supersalários e emendas
Haddad também mencionou a intenção de limitar os supersalários no
serviço público ao corrigir brechas na legislação que permitem o
pagamento acima do teto.
“As medidas também combatem privilégios incompatíveis com o princípio
da igualdade. Vamos corrigir excessos e garantir que todos os agentes
públicos estejam sujeitos ao teto constitucional”, disse.
Sobre as emendas parlamentares, Haddad disse que o governo, com o
Supremo Tribunal Federal e o Congresso, aprimoraram as regras do
Orçamento. “O montante global das emendas parlamentares crescerá abaixo
do limite das regras fiscais. Além disso, 50% das emendas das comissões
do Congresso passarão a ir obrigatoriamente para a saúde pública,
reforçando o SUS [Sistema Único de Saúde]”, declarou.
Estimativa
Segundo Haddad, as medidas resultarão em economia de R$ 70 bilhões em
gastos obrigatórios até 2026, permitindo que as despesas do governo se
enquadrem dentro do arcabouço fiscal.
O ministro anunciou que, caso o governo registre déficit primário,
despesas maiores que as receitas sem os juros da dívida pública, ficará
proibida a criação, ampliação ou prorrogação de benefícios tributários.
“Essas medidas que mencionei vão gerar uma economia de R$ 70 bilhões
nos próximos dois anos e consolidam o compromisso deste governo com a
sustentabilidade fiscal do país”, declarou.
Para o ministro da Fazenda, a aprovação do pacote será importante
para reduzir a inflação e baixar os juros no futuro. De acordo com ele, o
governo elaborou a proposta de modo a que quem ganhe mais contribua
mais. Em tese, o pacote envolve o envio de uma proposta de emenda à
Constituição (PEC), de um projeto de lei complementar e de substitutivos
a projetos de lei que tramitam no Congresso.
“Combater a inflação, reduzir o custo da dívida pública e ter juros
mais baixos é parte central de nosso olhar humanista sobre a economia. O
Brasil de hoje não é mais o Brasil que fechava os olhos para as
desigualdades e para as dificuldades da nossa gente. Quem ganha mais
deve contribuir mais, permitindo que possamos investir em áreas que
transformam a vida das pessoas”, concluiu Haddad.