A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta
terça-feira (25) todos os questionamentos processuais apresentados pelas
defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete
denunciados por envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado
após as eleições de 2022. Com a decisão, o caminho está livre para que a
Corte decida, nesta quarta-feira (26), se os acusados se tornarão réus
em ação penal.
A sessão de quarta será
decisiva. Os ministros da Primeira Turma irão avaliar se há “justa
causa” — ou seja, elementos suficientes — para abrir processo criminal
contra os denunciados. O julgamento marcará a terceira e última etapa
dessa fase inicial.
Na terça-feira, os
ministros rejeitaram uma a uma as preliminares levantadas por renomados
advogados de defesa, que tentavam barrar o avanço do inquérito com base
em alegações de vícios formais, falta de acesso às provas e
questionamentos sobre a competência do STF.
Os pedidos para afastar os
ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin e Flávio Dino
foram recusados por unanimidade, tanto pelo plenário do STF, em sessão
extraordinária na semana passada, quanto pela própria Primeira Turma
nesta terça. Em plenário, os ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia elogiaram
publicamente a atuação de Moraes, destacando sua imparcialidade.
As defesas também alegaram
que os acusados não deveriam ser julgados pelo STF, já que não possuem
mais foro por prerrogativa de função. Moraes, no entanto, reforçou que a
Corte já firmou entendimento sobre sua competência para julgar todos os
casos relacionados ao 8 de Janeiro, independentemente do cargo atual
dos envolvidos. “Em 1.494 ações, o Supremo reafirmou sua competência”,
lembrou o ministro.
Outro ponto levantado foi o
pedido para que o caso fosse julgado pelo plenário do STF, e não pela
Primeira Turma. Apenas o ministro Luiz Fux votou a favor dessa tese. Os
demais ministros destacaram que, desde 2023, o regimento interno
determina que ações penais sejam analisadas nas turmas, para desafogar o
plenário.
As alegações sobre falta
de acesso a provas também foram rebatidas. Moraes, Flávio Dino e Cármen
Lúcia afirmaram que todo o material que embasou a denúncia foi
disponibilizado às defesas. “Houve cumprimento pleno do direito
constitucional de defesa”, afirmou Cármen.
Outros pontos derrubados
foram: críticas à origem do inquérito (ligado às investigações das
milícias digitais), alegações de “pesca probatória” contra Bolsonaro,
pedidos para aplicação do juiz de garantias e a tentativa de anular a
delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
Com todas as preliminares
superadas, o julgamento desta quarta-feira (26) deve se concentrar no
mérito da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
Caso a maioria dos ministros da Primeira Turma vote pelo recebimento,
Bolsonaro e os demais denunciados se tornarão réus formalmente — um
marco histórico para a política brasileira.