A possível perda da patente — medida extrema e raríssima — representaria
um terremoto político e simbólico na já conturbada trajetória de
Bolsonaro, que construiu parte de sua identidade política justamente
sobre a imagem de “militar patriota”. Mas, segundo a ministra, nem a farda está acima da Constituição.
“É importante mostrar para a sociedade que ninguém está acima da lei”,
afirmou Maria Elizabeth Rocha, a primeira mulher a presidir o STM em
seus 217 anos de existência.
Se condenado no STF por
tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro poderá ser enquadrado também
pela Justiça Militar, que avaliará sua “dignidade para o oficialato”.
Trata-se de um rito previsto em lei para militares condenados por crimes
incompatíveis com a ética e a honra das Forças Armadas. A consequência
máxima seria a expulsão simbólica do Exército, com perda da patente e do salário vitalício de capitão reformado.
O mesmo risco jurídico
atinge outros oficiais envolvidos nas investigações sobre articulações
contra o Estado Democrático de Direito. Estão na mira generais da ativa e
da reserva, coronéis e até um almirante. Para Maria Elizabeth, o
julgamento — se ocorrer — terá peso histórico: “Não é apenas uma questão
disciplinar ou administrativa, é uma questão de compromisso com a
democracia”, declarou.